Vítimas de lancha atacada por piratas e abandonadas em ilha no Pará falam sobre momentos de desespero: ‘Um lugar deserto, sem comida, nada’

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Passageiros da lancha levada por piratas foram resgatados por um ribeirinho, em Gurupá. (Wevilla de vestido verde) — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Lancha transportava passageiros de Gurupá para Porto de Moz, mas foi alvo de piratas. Passageiros ficaram a espera de resgate por 19 horas. Polícia investiga o caso.

Já estão em casa os 20 passageiros que estavam na lancha roubada por piratas no rio Amazonas, em Gurupá, no Pará. Em entrevista ao g1, duas jovens que estavam na embarcação relataram o terror e o medo enquanto aguardavam o resgate, após as vítimas serem deixadas em uma ilha deserta pelos assaltantes.

A embarcação partiu de Gurupá, no Marajó, na segunda-feira (19), com destino a Porto de Moz, no sudoeste paraense. A viagem levaria duas horas, mas teve a rota alterada após três homens (com eles, 23 pessoas estavam no barco). Eles embarcaram ainda em Gurupá e anunciarem o assalto, pouco antes do meio-dia.

As vítimas foram abandonadas quase duas horas depois do assalto e ficaram por 19 horas sem comida e sem água potável em uma ilha deserta conhecida como ilha Grande de Gurupá.

“Eu só pensava na minha família (acho que todos ali) e em como íamos sair daquele lugar”, descreveu a passageira Wevilla Santos, sobre o período em que ficou à espera de resgate.

A lancha foi encontrada na última terça-feira (20), em Santana, no Amapá, no mesmo dia em que as vítimas foram resgatadas. Santana fica distante cerca de 400 quilômetros de Gurupá, no Pará.

Até esta quarta-feira (22), nenhum dos suspeitos foi localizado e preso. A Polícia Civil investiga o caso.

Medo e desespero

Wevilla Santos mora há doze anos em Porto de Moz e tinha ido visitar a família em Gurupá. A viagem de volta para casa deveria ter durado no máximo três horas.

Segundo Wevilla, os suspeitos embarcaram na lancha como se fossem passageiros comuns, mas, na bagagem, levavam armas de fogo e facões, que foram usados para ameaçar e intimidar as vítimas.

“Eles anunciaram o assalto em frente à vila Tapará. Levaram tudo nosso. Eu e mais duas pessoas conseguimos esconder nossos celulares”, contou.

A jovem ressaltou ainda a violência do trio, que mandou os passageiros deitarem no chão da embarcação e não olharem para eles.

“Bateram com a arma na cabeça do cobrador da lancha e também do piloto”, ressaltou.

As vítimas foram abandonadas em uma ilha sem habitantes. Celulares, joias, dinheiro e outros pertences foram levados pelos criminosos.

“Eles queriam fazer um percurso longo, e a lancha estava muito pesada. A gasolina que tinha não ia dar, então eles pararam em uma ilha e mandaram a gente descer de um por um para a embarcação ficar mais leve”, prosseguiu.

Embarcação foi encontrada em foz de rio no distrito de Santana, no Amapá. — Foto: Divulgação/PF

A passageira Edilaine Lobato, de 26 anos, gravou um relatou ao g1 detalhando o que viveu nas quase 24 horas. Edilaine definiu a situação como desesperadora — assista ao vídeo abaixo.

Em relação ao abandono dos passageiros na ilha, Edilaine falou que os criminosos mandaram os passageiros correrem para a mata e não olharem para traz. Ela temia que os assaltassem atirassem contra as vítimas.

A ilha onde as vítimas foram abandonadas é rota de navios de carga. Com a cheia da maré, os passageiros não puderam ficar na área de praia. Eles tiveram que improvisar um espaço na floresta para dormir e beberam a água do rio.

“Um lugar que não tinha absolutamente nada, estava deserto. Não tinha comida, não tinha nada. Algumas pessoas estavam com frio e molhadas”, descreveu Edilaine.

Durante o tempo em que ficaram na ilha, os passageiros foram considerados como desaparecidos e , em Porto de Moz, familiares e moradores fizeram uma vigília com orações. O grupo foi resgatado por um ribeirinho que, segundo Wevilla, estava ajudando a procurá-los.

“O irmão de uma moça que estava na lancha ligou para esse senhor e pediu ajuda para procurar a gente. Quando a gente escutou o barulho do rabeta, começamos a gritar”, contou Wevilla.

Vítimas conseguiram fazer uma fogueira e se aquecer enquanto aguardavam por um resgate. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Fonte: Denilson d’Almeida, Juliana Bessa e Publicado Por: em 21/08/2024/16:35:10

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