(Foto: Reprodução) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Recife (24/08/2017) (Leo Caldas/AFP)
Sem cumprir promessas de campanha, o petista perde apoio popular justamente na fatia do eleitorado que escolheu privilegiar no governo
Dois anos depois de subir a rampa do Planalto, Lula é hoje, oficialmente, um presidente impopular. A pesquisa Quaest, divulgada nesta segunda, mostra que os eleitores descontentes com a gestão petista formam um grupo dominante no país. Motivos não faltam para justificar essa situação.
O governo Lula 3 é uma imensa máquina de 38 ministérios que gasta muito, entrega pouco e parece ser incapaz de oferecer novas soluções que melhorem a vida dos brasileiros.
Com velhos discursos e programas reciclados, Lula criou uma crise de confiança fiscal — ao boicotar as políticas de ajustes de Fernando Haddad — que elevou o dólar, pressionou os preços dos produtos no supermercado e tornou mais distante o sonho da picanha a muitas famílias.
Sem cumprir as promessas que fez na campanha, o petista ainda conseguiu arrumar confusão justamente com uma das melhores novidades já oferecidas aos brasileiros pelo Estado: o Pix. A trapalhada sobre o avanço do Leão no monitoramento de transações pela ferramenta queimou o filme de Lula no eleitorado.
O governo, não custa lembrar, já tinha comprado briga com trabalhadores de aplicativo, ao tentar regulamentar a categoria e cobrar impostos. E também penou ao defender a volta da cobrança sindical no contracheque de trabalhadores, algo duramente rejeitado pela população.
O derretimento da popularidade de Lula ocorre com mais intensidade na faixa de eleitores de baixa renda e na região Nordeste. Trata-se de um público tradicionalmente mais simpático ao petismo por ser mais dependente das políticas sociais do governo.
É um dilema. Lula escolheu governar para uma bolha, assumindo o custo de sustentar gastos com medidas populistas a partir da ampliação da arrecadação da máquina. O negacionismo fiscal, no entanto, afetou justamente essa parcela do eleitorado que o governo desejava agradar, dado que o custo de vida disparou com a alta do dólar.
Questionados pela Quaest se o Brasil comandado por Lula está indo na direção certa, 50% dos entrevistados responderam acreditar que o país está no rumo errado e só 39% consideram que a gestão petista conduz a nação no caminho correto.
Na semana passada, Lula reuniu seu ministério e reconheceu que o governo não entrega o que promete e está devendo ao país. Na sequência, anunciou que a campanha à reeleição já começou. Em outras palavras, escolheu novamente o caminho errado.