Pará tem 9 das 15 unidades de conservação mais destruídas pelo garimpo na Amazônia
Garimpo ilegal no Parque Nacional dos Campos Amazônicos, tirada no dia 30/07/2024. — Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace Brasil
Estudo do Greenpeace expõe que atividade ilegal extrapola terras indígenas e ameaça o patrimônio natural do país.
Nove das 15 Unidades de Conservação (UCs) na Amazônia mais devastadas pelo garimpo estão no Pará. É o que mostra um levantamento do Greenpeace Brasil divulgado nesta quinta-feira (5).
O estudo revela que a atividade ilegal extrapola as terras indígenas e ameaça o patrimônio natural do país, que são as UCs.
A ação garimpeira foi identificada em unidades de conservação da Amazônia nos estados do Amapá, Amazonas e no Pará.
Foram 13,4 mil hectares destruídos nas 15 UCs- é praticamente 80 vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Segundo a ONG Greenpeace, o alerta não é apenas para as Terras Indígenas que já são atingidas pelo garimpo, mas também as unidades de conservação.
“O enfraquecimento da fiscalização, afrouxamento de leis ambientais e aumento do preço do ouro no mercado externo fizeram com que a atividade crescesse exponencialmente, piorando um cenário que já era muito complexo no bioma”, explica Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
Ao g1, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) alegou que houve queda de 31% das áreas abertas para garimpo na Amazônia em 2023 na comparação com 2022, segundo dados do Brasil Mais, da Polícia Federal. “De janeiro a junho de 2024, houve nova queda de 20% em relação ao primeiro semestre de 2023”, pontuou – veja a nota completa ao final desta reportagem.
Unidades de conservação em alerta
A UC mais desmatadas foi a Floresta Nacional do Amanã, na divisa entre o Amazonas e o Pará, abrangendo os municípios de Maués (AM), Itaituba (PA) e Jacareacanga (PA).
A área foi responsável por quase a metade de toda a devastação registrada na região – 6,8 mil hectares de garimpo.
“Amanã” é um termo de origem indígena que significa “água que vem do céu”. O rio, de mesmo nome, possui 156 quilômetros. Um terço disso já foi afetado pelo garimpo, segundo o Greenpeace.
Confira a lista e gráfico das UCs mais afetadas pelo garimpo:
Floresta Nacional do Amanã (PA)
Floresta Nacional do Urupadi (AM)
Floresta Nacional do Crepori (PA)
Parque Nacional do Jamanxin (PA)
Floresta Nacional de Altamira (PA)
Floresta Nacional do Jamari (PA)
Estação Ecológica do Alto Maués (AM)
Parque Nacional do Juruena (AM/MT)
Floresta Nacional de Itaituba (PA)
Parque Nacional do Mapinguari (AM)
Parque Nacional dos Campos Amazônicos (AM)
Floresta Nacional de Itaituba II (PA)
Floresta Estadual do Amapá (AP)
Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio (PA)
Floresta Nacional do Trairão (PA)
Como o estudo foi feito
De acordo com o Greenpeace, a análise excluiu a categoria Área de Proteção Ambiental (APA), considerando garimpo ilegal toda extração mineral dentro de Unidades de Proteção Integral e de Uso Sustentável, que não possuísse autorização no plano de manejo.
A análise foi realizada utilizando imagens de satélite , além de alertas do Papa Alpha, uma ferramenta própria do Greenpeace, que utiliza sensores.
Foram também realizados sobrevoos em dois parques nacionais para registrar as atividades ilegais.
O que são UCs
As Unidades de Conservação são áreas protegidas, estabelecidas pelo Poder Público, com objetivo de proteger a biodiversidade, recursos naturais e ecossistemas brasileiros.
As UCs, como são chamadas, têm papel na mitigação dos impactos causados pela crise climática e na educação ambiental.
Junto às Terras Indígenas e Territórios Quilombolas, as UCs são ferramentas de conservação da natureza, de manutenção da vida de povos e comunidades tradicionais e enfrentamento da emergência climática.
O que diz o Ministério de Meio Ambiente
Segundo o MMA, houve queda de 31% das áreas abertas para garimpo na Amazônia em 2023 na comparação com 2022, segundo dados do Brasil Mais, da Polícia Federal. “De janeiro a junho de 2024, houve nova queda de 20% em relação ao primeiro semestre de 2023”, pontuou.
O Ministério informou ainda que os dados coincidem com a queda de 45,7% da área sob alertas de desmatamento na Amazônia de agosto de 2023 a julho de 2024, a maior queda proporcional já registrada para o período, segundo dados do sistema Deter-B, do Inpe.
“Outras medidas incluem a implementação da nota fiscal do ouro como ativo financeiro para combater o garimpo e o aumento da articulação entre MMA e MJSP. Equipes técnicas do MMA auxiliam em processos investigativos, com levantamento de dados e ações de inteligência relacionados ao garimpo ilegal.
MMA e Ibama participam também do Projeto Rede de Monitoramento Ambiental, que começou na TI Yanomami e no Alto Amazonas, e avalia a presença de substâncias químicas, incluindo mercúrio, nos rios da Bacia Amazônica.
O combate ao garimpo está incluído no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em 5 de junho de 2023. Linhas de ação incluem ampliação das atividades de inteligência para identificar mecanismos de financiamento e maior controle sobre a cadeia produtiva, com integração de ações de investigação criminal e ações de fiscalização minerária, fiscal, financeira e ambiental”, completou.
Fonte: g1 Pará — Belém e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 06/09/2024/16:25:45
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