Casos ocorreram décadas atrás, mas repercussão continua. — Foto: Reprodução / TV Mirante / Cristino Martins
Mirla Prado conta detalhes dos casos no seu canal de ‘true crime’, o ‘Fatos Sinistros’, repercutindo os desdobramentos das investigações para o mundo inteiro.
Casos de crime reais que ocorreram no Pará e marcaram a história do estado e do Brasil ao longo das últimas décadas são temas centrais de vídeos que vêm alcançando milhões de visualizações na internet.
Um deles é intitulado como “o caso mais macabro do Brasil”, que conta detalhes sobre o “Emasculados de Altamira”, conhecido como a ocorrência mais longa e emblemática a ser julgada pelo judiciário paraense. Outro vídeo traz detalhes sobre a condenação de um homem a 104 anos de prisão por matar três crianças próximo à central de abastecimento de Belém, entre 2006 e 2007.
Quem conta estas histórias é a criadora de conteúdo e advogada Mirla Araújo, de 42 anos. Ela foi a segunda paraense a participar do Big Brother Brasil (BBB), na edição de 2009. Há 3 anos, ela comanda o canal de true crime (crimes reais) “Fatos Sinistros”, um dos maiores do gênero no Brasil, com mais de 600 mil inscritos.
“Sempre busco casos do Pará para trazer maior visibilidade aos acontecimentos daqui. Podemos ver que há pouca importância dada aos crimes que ocorreram fora do eixo sul-sudeste. A sensação é de como se as nossas vidas valessem menos”, contou Mirla ao g1 sobre a motivação para produzir os vídeos.
‘Emasculados de Altamira’
Os crimes deste caso ocorreram na cidade de Altamira, a 777 km de Belém, entre os anos de 1989 e 1993. As vítimas eram 19 meninos pobres, com idades entre 8 e 14 anos. Destes, cinco corpos nunca foram encontrados, três sobreviveram, mas foram mutilados, e 11 foram assassinados e tiveram os órgãos sexuais retirados.
Em 2003, quatro pessoas foram levadas a julgamento acusadas pelas mortes e pelas tentativas de assassinato, que também ocorreram no Maranhão na mesma época.
“Este caso tem quase 2 milhões de visualizações e me surpreendeu ver que a maioria das pessoas não o conhecia.
Segundo documentos da investigação, os homicídios tinham relação com rituais da seita Lineamento Universal Superior (LUS), liderada por Valentina Andrade. Entre os participantes da seita, estavam os médicos Anísio Ferreira de Souza e Césio Flávio Caldas Brandão, que seriam os responsáveis por emascular as vítimas (retirar os órgãos sexuais).
Valentina Andrade foi absolvida em dezembro de 2003 por falta de provas, e o processo acabou prescrito por ela ter mais 70 anos. Já o médico Anísio de Souza foi condenado a 77 anos, e Césio Brandão foi condenado a 56 anos. Ambos estão presos. Desde então, o médico capixaba Césio luta na Justiça para prova a inocência.
Além deles, o ex-policial militar Carlos Alberto Lima, também apontado como envolvido, foi condenado a 35 anos de prisão. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que ele não está mais sob custódia.
Serial killer Francisco das Chagas
Outra linha de investigação aponta para Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, acusado de matar e mutilar 42 meninos entre os anos de 1989 e 2004. O mecânico respondeu por 30 mortes no Maranhão e mais 12 no Pará, onde viveu por quatro anos.
‘Maníaco da Ceasa’
André Barbosa ficou conhecido como ‘Maníaco da Ceasa’ ao ser acusado e condenado a 104 anos de prisão pela morte de três meninos nas proximidades da central de abastecimento de Belém, entre 2006 e 2007.
À época, a Justiça considerou o réu culpado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação e desrespeito de cadáver, além de atentado violento ao pudor.
‘André era um morador do Guamá (bairro de Belém) e conhecia as famílias (das vítimas). Ele chegou a consolar algumas delas e ajudar nas buscas. Ele era frequentador da lan house que os meninos frequentavam. Ele dava um jeito de abordar as vítimas e ganhar a confiança delas”, contou Mirla.
Durante o julgamento, a promotora de Justiça Rosana Cordovil, da acusação, disse que não havia dúvidas sobre a autoria dos crimes. Em junho 2023, a Justiça do Pará determinou que André fosse solto. O g1 questionou a decisão e se ela se mantém, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
“As pessoas se interessam sim em saber o que aconteceu em outros lugares, fora do eixo. A internet abriu (oportunidades) para que elas tenham mais acesso a saber outras realidades”, finalizou a youtuber.
Fonte: e Publicado Por: https://www.adeciopiran.com.br em 05/11/2024/15:40:38
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